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Doce coragem! - 20/07/2022
Doce coragem! - 20/07/2022
META CORRETORA

Mercado interno

Nos últimos dias a demanda por parte de indústrias que utilizam açúcar aqueceu, mesmo que de forma modesta. Com a nítida escassez de ofertas por parte das usinas, várias indústrias que costumam comprar no spot preferiram já precificar seus custos neste momento incerto. Em alguns casos compraram açúcar em outros estados mais distantes e armazenaram para garantir seu suprimento já precificado. Por parte das usinas, as ofertas spot prosseguem singelas. Estas buscam honrar seus contratos de fornecimento e, em alguns casos nas últimas semanas, exportado com as melhoras de preço em Nova York. Assim, especialmente ofertas de açúcar ic 150 e 180 prosseguem bem escassas e, quando se encontra, com preços firmes. Segundo o CEPEA, os preços médios mensais (em junho) foram: R$ 126,17 em GO; R$ 125,70 em MG e R$ 127,87 em SP.

Mercado externo

As exportações voltaram ser mais atrativas que mercado interno, cenário que não víamos desde abril de 2021. A bolsa em Nova York (ICE) recuperou seus preços e podemos elencar alguns fatores. Entre eles estão o preço do petróleo e a expectativa de produção de cana ser menor no Centro-Sul do Brasil. Já a Índia se aproxima das cotas de exportação. Por aqui, várias tradings correram às compras spot para conseguirem h o n r a r s e u s c o n t r a t o s , corroborando com a elevação dos prêmios. Com os terminais portuários escassos da entrega de açúcar, e as chegadas agendada de navio , é de nosso conhecimento que as negociações variaram (na paridade) entre R$ 134,00 a R$ 138,00.

Doce coragem!

Tenho ouvido, e com certa frequência, que esta safra tem surpreendido até mesmo aos experts de mercado. Inclusive percebo traders gabaritados, demonstrando suas preocupações e reconhecendo suas limitações interpretativas. Reconhecer essa magnitude do mercado é louvável. Nos faz mais humildes e nos lembra que devemos ter nossos pés no chão. Estamos longes, por mais experientes que sejamos, de sermos detentores da razão e do conhecimento absoluto, ainda mais num mercado tão complexo.

Permita-me comparar este momento que vivemos a uma grande viagem, rumo a um local ainda desconhecido pelo motorista. Por mais experiente que ele seja, ainda desconhece a nova rota. Sabe que não poderá confiar cegamente na orientação de um super “GPS caro e experiente”. Ele poderá utilizar a ferramenta, porém mais que ninguém, ele conhece suas limitações mais íntimas como motorista e conhece muito bem seu próprio automóvel. Ele sabe que o importante é chegar! Então dirige em estado de alerta. Em momentos cruciais encontra chuva intensa, baixa luminosidade, falta de sinalizações nas pistas e curvas, muitas curvas nesta estrada desconhecida.

É nesta hora, que vemos ações diferentes. Um tomador de decisões nesta hora é semelhante ao motorista. Alguns somente reclamariam aos passageiros que estão juntos na jornada, colocando mais medo no carro. Outros talvez pensem em parar no acostamento, mas esquece que isto também trará outros grandes riscos podendo ser fatal. Mas ao meu ver, é preciso que o motorista (leia-se tomador de decisão) tenha confiança em quem ele é. Que confie em quem os anos vividos o tornou. Com prudência em todo tempo, mas confiante que em cada manobra, ele assegurará a chegada de todos que estão em seu carro ao seu destino. É preciso prosseguir!

Como já afirmamos em outros momentos, os impactos climáticos do ano passado continuam a reverberar em cada novo relatório publicado pela UNICA. Não adianta negar ou terceirizar o problema. É fato. Quanto mais cedo assumir esta verdade, maior será sua janela de oportunidades. Esta safra é atípica. Desde o início da atual safra até agora, comparado ao mesmo período do ano anterior, há uma retração da moagem de cana em 11,68%, e pasmem: uma queda de 21,58% na produção de açúcar. Como também já discutimos em outro boletins, a ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) é menor, acumulando uma queda até o momento em 15,52%. Esse índice mostra quanto a qualidade da cana que está sendo colhida neste momento tem impactado diretamente a quantidade de quilos de açúcar produzido por tonelada de cana.

Ainda é cedo para se concluir qualquer número absoluto. Há alguns meses de moagem pela frente. Porém, fato é que os canaviais sentiram fortemente a geadas e incêndios a partir de julho no ano passado, impactando a qualidade da cana que hoje é processada. Importante salientar que canaviais não renovados após esses episódios no ano passado prosseguirão apresentando suas falhas nos próximos ciclos da cana. Ainda podemos ter surpresas residuais na safra 2023/24.

Não sabemos a intensidade, mas a agência americana NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) já confirmou que o efeito La Niña continuará até dezembro de 2023. Tal evento pode causar períodos mais severos de estiagem em momentos de desenvolvimento fisiológico crucial dos canaviais. Vale lembrar que neste ano, início de abril e começo da safra, várias regiões do interior de SP precisaram de irrigação suplementar para não comprometer seus jovens canaviais.

Prezado leitor: recomendamos toda atenção para uma boa tomada de decisão e estratégia já pensando nos seus próximos meses, mas também dois anos a frente. Dirigir é preciso. A direção é sua, contudo uma boa assessoria poderá ser uma ferramenta determinante nestes momentos. Estamos aqui para lhe servir! Um grande abraço.

Rodrigo Cornacini Ferreira
CEO, Meta Agro & Negócios